sábado, 19 de março de 2011

Entrevista com Lucilene Rosendo.

Lucilene Rosendo completou no último dia 08 de fevereiro 44 anos. Ela é uma das quatro pessoas que participaram da fundação da “Família da Esperança”. É a mais jovem do0s fundadores e antes de se dedicar à Fazenda da Esperança estava noiva, tinha uma empresa... Hoje viaja pelo mundo acompanhando a parte feminina dessa obra importante na sociedade e no mundo.Sob a sua responsabilidade existem cerca de 500 jovens espalhadas pro várias comunidades femininas. Quem faz a entrevista é o Pe. César dos Santos, também membro da associação, realizada no dia 03 de março de 2011.

1. Luci, você é a mais jovem dos 4 fundadores, é muito viva, dinâmica. Quem lhe conhece sente logo a vida que pulsa. Qual o segredo para estar sempre animada?

R: Está na escolha de Deus. Tenho certeza absoluta que Deus me escolheu e eu quero corresponder a Ele. Sinto-me muito amada por Ele, desde a minha família. Ainda me deu a Família da Esperança, a realização que isso me traz, me leva a corresponder sendo dinâmica.

2. Como é o dinamismo entre vocês 4 fundadores? Acredito que cada um colabora de uma forma na condução da Família e da Fazenda. Como funciona isso?

R: Entre nós quatro é bem definido a característica de cada um. Deus faz com que cada um tenha um dom em especial. Ultimamente percebemos mais o papel de cada um. Conto um fato. Estava indo para o aeroporto com frei Hans e ele dizia como poderíamos viver sem o Nelson, pois ele é tão prático... Mas também não poderia imaginar o que nossa obra seria sem a Iraci, que consegue resolver tantas coisas burocráticas, é tão sábia, tem aquela palavra certa pra hora certa... Depois eu completei falando o que seria a obra sem o frei, que não nos faz desistir nunca de ninguém, a ter sempre misericórdia, e acreditar que para Deus nada é impossível... Outro dia o Nelson respondeu junto com frei Hans um e-mail da Iraci, e falava justamente sobre isso. Lá ele diz que a Família seria “feia” sem a determinação e a humanidade da Luci, e sem a sabedoria da Iraci “estaríamos fritos”. Isso mostra que somos família - primeiro entre nós, valorizando o jeito de cada um. Claro que amadurecemos nesses anos, e vemos como a Família seria incompleta sem um e os outros.

3. Como você vive a frase "Quem não deixa pai, mãe, irmãos, por causa de mim...", uma vez que tem uma família tão grande e bonita?

R: Viver essa frase significa colocar Deus em primeiro lugar na minha vida. Eu deixei minha família no sentido físico. Eu não vivo mais com eles, mas não posso deixar de ser família com eles, ser minha família de sangue. Respeito e admiro a família natural que tenho, pois é a base do que eu sou, mas ao mesmo tempo, por ser tudo isso, é que posso deixar – e deixei – para ter colocado Deus em primeiro lugar da minha vida. Agravou o estado da minha mãe em dezembro último e pensei que ela até morreria. Mas tinha que decidir antes com Iraci, com Nelson e com o frei, que me disse com clareza que iria junto com eles depois do Natal e então poderia ficar lá cuidando dela. Naquele momento foi forte, porque queria passar o Natal com minha mãe. E quando o frei me colocou aquilo, me lembrei mesmo dessa frase: Quem não deixa pai, mãe... para ser meu discípulo... E precisei acreditar que Deus não tiraria minha mãe naqueles dias, pois deixava de ir lá para viver para Ele. Quando fomos nós quatro, todos nós a assumimos juntos. Reformaram o quarto dela comigo, me ajudaram a cuidar dela, e podia partilhar o momento com ela não mais sozinha mas com todos da Família da Esperança.

4. Conta pra gente sem pensar muito: qual foi o momento mais crítico de sua história com a Fazenda?

R: Foi quando não havia unidade entre nós quatro, os fundadores. Havia rompido algo e era muito forte como havia uma divisão. Foi necessário muita conversa, muito diálogo para recomeçarmos. Era o primeiro ano da Família da Esperança (2000) e se iniciava o processo de escrita dos estatutos. O grande fruto desse tempo foi uma nova e bela unidade entre parte masculina e feminina na obra.

5. Qual tem sido sua alegria particular nesse período depois da aprovação e do reconhecimento pontifício?

R: Ficou muito evidente de que a Família da Esperança é uma família, que não somos uma obra social, mas uma família que possui um carisma. Depois ficou evidente a transformação que aconteceu primeiro em nós e depois com as pessoas que convivem e estão em contato conosco . É como um florescer de um jardim: isso perfuma e encanta a todos. Eu acabo de estar com a escola de comunhão e disse a eles que tenho forte em mim agora esse viver concretamente o “ser família”, com todas as conseqüências disso, seja na alegria, seja nas dificuldades. Jean Vanier expressou que a comunidade é lugar de perdão e de festa. Comunidade é família. Assim assumimos o outro quando erra, assumimos a economia, existe a comunidade masculina e a feminina – e são uma única família! - e o que é necessidade de um o deve se tornar para o outro. A alegria de um se torna festa para o outro. Família é isso, vamos viver essa graça de ser família, na alegria e na dor.

Frei Hans apresenta sua visão sobre Luci:

“Luci é entre todos os quatro fundadores a mais jovem. Junto com Iraci fundou a parte feminina. Ela é a tia do Nelson e isso facilitou o relacionamento entre a parte feminina e a masculina.
O que mais impressiona nela é seu senso de justiça, de verdade, que ajuda cada um a encontrar seu devido lugar na nossa Família. Ela nasceu numa família natural muito grande, o que lhe deu um olhar para todos, desde as crianças até aos mais idosos, os que estão doentes, para todos. Ela consegue amar a todos, como uma mãe, como Maria, como consagrada virgem. Por isso onde vai cria família com facilidade entre todos, seja num grupo pequeno, seja numa multidão. Todos seus irmãos e irmã de sangue se casaram, o que lhe deu muitos sobrinhos, que a amam muito. Também as nossas crianças, filhas de nossas famílias na obra a amam muito pois ela tem uma jeito especial com elas.
Outro dom específico da Luci é a grande sensibilidade à harmonia, ao belo, através da arquitetura, do jardim... Ela é muito concreta no trabalho, tem visão de trabalho, e consegue organizar e animar todos pra isso.
Sua presença é para toda a Família da Esperança um grande presente."

Pe. César Alberto dos Santos.

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